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Psiu … robôs estão trabalhando para criar MAIS empregos

Por Dinesh Sharma

O mundo testemunhou três revoluções industriais que transformaram radicalmente os processos industriais, aumentando sobremaneira a produtividade. Em quase 200 anos, aumentamos a eficiência com a energia hidrelétrica, a energia a vapor, as ferramentas mecânicas e as linhas de montagem, e aceleramos a automação com a eletrônica e a TI. Cada uma dessas eras deu origem a forças transformadoras que afetaram radicalmente a sociedade e a economia; às vezes para melhor, outras vezes nem tanto.

A revolução que testemunhamos hoje – da economia digital – está centrada na hiperconectividade: o crescimento exponencial da conectividade entre pessoas, organizações e objetos. Quando tudo está conectado, o mundo físico pode efetivamente ser digitalizado e operado por software. As possibilidades são realmente infinitas.

No entanto, a dimensão e o escopo dessa terceira revolução são visivelmente similares aos da primeira revolução industrial. Por exemplo, a primeira revolução mudou a cara da sociedade global, transformando o mundo de economia agrária, constituída por um grande número de ruralistas de classe média, para uma economia urbana, caracterizada pelo cruel problema do trabalhador urbano de fábricas do século 19.  Nos primeiros 70 anos, as condições eram tão precárias que grupos conhecidos como “ludistas”, ou inimigos da tecnologia, destruíam fábricas e ferramentas mecânicas para impedir as iminentes mudanças.

Hoje, entrando na era da economia digital, estamos prestes a revisitar um movimento semelhante.

Será que robôs seriam a resposta para o desemprego?

Um estudo da University of Oxford constatou que metade dos empregos americanos podem ser automatizados nas próximas duas décadas. Situação bem semelhante a como 80% dos empregos americanos no campo no início do século 19  foram substituídos por empregos que não existiam no início da década de 1800 – soldadores, operadores de máquinas, transporte em massa, entre outros. E essa transformação do mercado de trabalho está prestes a se repetir.

Hoje estamos testemunhando a possibilidade de substituição de vários trabalhadores por robôs, principalmente pela automatização de tarefas repetitivas. Na economia digital, os robôs estão cada vez mais inteligentes à medida que seguem se adaptando, comunicando e interagindo com mais eficiência. Junto com essas capacidades surgem níveis inéditos de produtividade e mudanças profundas nas estruturas de custos, nos conjuntos de competências e nos fluxos de trabalho.

Embora esteja bem distante a realidade de uma empresa completamente autônoma e sem intervenção humana, ainda há uma preocupação com a possibilidade de que essas novas tecnologias eventualmente substituam muitos empregos. Embora esse movimento possa ser real, novos empregos serão criados pela simbiose entre máquinas e humanos, com um desempenho melhor do que o dessas entidades trabalhando independentemente.

Dados provenientes do uso disseminado de robôs industriais nas últimas duas décadas já indicam que novos empregos estão sendo gerados na proporção de três para um quando robôs são utilizados. Dos seis países examinados no estudo, cinco apresentaram queda no índice de desemprego com o aumento no emprego de robôs.

Nova revolução no mercado de trabalho

Para enfrentar o desafio do desemprego em massa, devemos considerar as competências necessárias para aproveitar ao máximo essa transição. Em 2015, Brynjolfsson e McAfee afirmaram que a sociedade precisa aprender a trabalhar juntamente com os robôs, ou como colocaram, “competir juntamente com a máquina e não contra a máquina”. Eles acreditam que o futuro do trabalho depende do equilíbrio perfeito entre a nova geração de máquinas de alto desempenho e as competências humanas.

Fica bem evidente que o trabalho se transformará em novas ou praticamente novas formas de emprego. Se deixarmos de enxergar como regra o cenário atual de emprego, estaremos mais bem equipados para gerar um novo cenário com essas novas tecnologias. E, por sua vez, novos padrões de emprego farão melhor uso da emergente população trabalhadora da geração Millennial.

Padrões de Trabalho - Economia Digital
Figura: novos padrões de trabalho da economia digital

Com esses novos padrões de trabalho, as empresas poderão incorporar a combinação perfeita de “humanos no processo” que permite a especialização e a plena utilização. O grau de especialização também se adequará ao hábito de emprego da geração Millennial de permanecer ativo em várias frentes para viabilizar o crescimento orgânico da iminente tendência de trabalho de portfólio.

A capacidade de novas tecnologias, como agentes inteligentes dividindo e sintetizando tarefas, produzirá mais mudanças futuras incluindo o “crowd working”. O sistema funciona com base em uma plataforma on-line que promove o encontro entre empregadores e empregados, e divide projetos em micro-tarefas entre uma nuvem de trabalhadores. À medida que nosso cliente exige cada vez mais atenção e serviços, esses agentes serão capazes de, por exemplo, manipular um volume massivo de “diálogos” simultâneos que poderão ser filtrados e sintetizados. Mas, acima de tudo, eles passarão as informações para o colaborador certo, que realizará as tarefas complexas – como negociação, geração de novas ideias e solução de problemas – que os agentes não são capazes de executar.

Portanto, no fim, empregos que exigem criatividade, inteligência emocional e competência social provavelmente não serão preenchidos por robôs no futuro próximo. Nossos gerentes, enfermeiras, artistas e empresários continuarão sendo seres humanos.

Para uma visão mais detalhada sobre economia digital e seu impacto, consulte a pesquisa “Live Business: The Digitization of Everything” na Digitalist Magazine on-line.