Por Jonathan Becher
Bem-vindo ao futuro.
É uma reclamação comum que nos tenham prometido jetpacks e carros voadores, mas tudo o que conseguimos foi… algo não tão legal. Mas as queixas são em grande parte injustificadas. Coisas que pareciam ficção científica há pouco tempo são agora comuns (ou logo serão): GPS sob a pele, impressão 3D, hoverboards, couro de laboratório, luvas auto-aquecidas e até mesmo carros voadores.
De fato, antes que muitas das invenções que agora temos como realidade chegassem, escritores de ficção científica já as imaginavam – muitas vezes décadas antes que a tecnologia necessária estivesse disponível. Veja William Gibson, por exemplo, famoso por cunhar o termo “ciberespaço” em sua história de 1982 “Burning Chrome“. Em seu romance de 1984 “Neuromancer“, Gibson escreveu sobre uma rede mundial de computadores – muito antes da internet se tornar tão onipresente. O personagem principal descobre informações sobre um complô secreto para infiltrar sistemas de computadores soviéticos – o protótipo de um hacker de computador. O livro ainda apresenta uma variante do Google Glass, 30 anos antes de Gibson experimentá-lo.
Gibson encontra inspiração no passado, no presente e na leitura. Ele costumava comprar revistas em volume, centenas de dólares de cada vez. “Eu precisava otimizar a agregação de novidades”, ele diz. Agora ele tem o Twitter. Gibson explica: “O Twitter agora fornece isso com uma pureza quase letal. Essa coisa que costumava vazar de uma pipeta uma gota de cada vez tornou-se uma mangueira de incêndio”.
O futuro chegou – só que ele ainda não está muito bem distribuído.
Esta citação de Gibson é cativante – e tem sido frequentemente reproduzida – mas normalmente não paramos para considerar suas implicações. Grande parte da tecnologia que irá transformar nossas vidas existe hoje, mas está em diferentes estágios de adoção. Por exemplo, um estudo da Pew, de maio de 2016, revelou que 30% dos norte-americanos nunca ouviram falar de aplicativos de viagem compartilhada, como Uber ou Lyft, e quase 50% nunca ouviram falar de sites de compartilhamento de casas, como Airbnb ou VRBO.
O acesso a essa tecnologia transformadora também é distribuído de forma desigual, com fatores geográficos, demográficos e socioeconômicos que influenciam a viabilidade e a acessibilidade. Felizmente, isso está mudando. As verdadeiras “transformações” digitais disruptivas permitem que os indivíduos participem da criação de valor resultante da democratização de dados, redução das barreiras de entrada e ampliação do acesso. Essa lacuna vai se estreitar mais à medida que a própria tecnologia se torna mais viável e novos modelos de pagamento colocam os serviços digitais nas mãos de bilhões de pessoas.
Apenas como um exemplo, considere o que está acontecendo com as empresas de serviços públicos. Com o rápido aumento na eficiência energética e diminuições nos custos de painéis solares e de baterias para armazenar energia, em breve será mais barato para os moradores gerarem sua própria energia para suas casas e veículos elétricos, em vez de confiar na rede. Como resultado, as empresas de serviços públicos precisam oferecer serviços dinâmicos, como opções de preços em tempo real e armazenamento compartilhado de energia com base nos níveis de consumo com recompensas para os consumidores que evitam o uso intenso durante a demanda máxima. A disrupção digital democratizará o poder, assim como os dispositivos móveis democratizam a conectividade.
Apesar de Gibson insistir que ele é a última pessoa a saber o que está por vir, previsões que ele fez décadas atrás continuam se tornando realidade. É por isso que continuamos observando suas palavras e seus futuros imaginados; muitos dos quais já estão aqui. No início deste ano, o primeiro ônibus auto-dirigível começou suas rotas em Las Vegas. E, em julho, táxis voadores autônomos deverão ser vistos nos céus de Dubai.
O futuro está se aproximando mais rápido do que percebemos, tornando cada vez mais crítico pensar exponencialmente sobre onde estamos indo e como vamos chegar lá. Apesar de todos os avanços em torno de nós, tendemos a experimentar a tecnologia entrando em nossas vidas em pequenas porções, tão gradualmente que nem sempre vemos e sentimos as grandes mudanças disruptivas. Nossas mentes são programadas para pensar linearmente.
O que isso significa para você? Em vez de esperar para ver o futuro que já chegou impactar você ou seu negócio, aqui estão três passos que você pode tomar hoje:
- Entenda o que aconteceu no passado, mas não fique confinado a ele. O que trouxe você aqui não vai levá-lo onde você precisa ir.
- Imagine o mundo baseado em uma mentalidade de abundância, ao invés de uma de limitações. Se você não pode imaginar um futuro no qual isso não seja real, faça isso acontecer.
- Sonhe com ousadia, mesmo que inusitadamente, mas experimente rapidamente ao longo do caminho. Adote a mentalidade de fazer muitas pequenas apostas, em vez de algumas grandes apostas.
Ficção científica pode estimular a imaginação em leitores que têm o conhecimento técnico para ajudar a materializar suas visões. Então liberte seu William Gibson interior e escreva seu próximo capítulo.