Por: Paulo Silvestre – Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital e Consultor de CX
Tecnologia pode ajudar empresas a apresentar lucratividade, transparência e sustentabilidade.
“Tinha que ser bem na minha vez?”
Pouco antes da pandemia de Covid-19 que transformou o mundo, ouvi essa reclamação de um gestor recém-promovido em uma grande empresa. Ele se lamentava de ter chegado a uma posição de liderança em um momento em que a organização começava a se preocupar mais com aspectos que iam além de simplesmente dar lucro. Preocupações sociais, ambientais e de governança passavam a fazer parte das decisões de negócio, mas ele gostaria de continuar fazendo os negócios “como sempre”.
É triste ver que ainda tantos (receio que a maioria) gestores ainda encarem isso como um problema para o seu negócio. Na verdade, isso é uma incrível oportunidade por vários motivos. O primeiro é que seus clientes e a opinião pública estão cada vez mais preocupados com isso e exigem transparência do negócio em suas ações nessas áreas. E não se trata de palavras ao vento, isso se tornou um fator de decisão de compra. Cada vez mais as pessoas compram de empresas efetivamente ativas nesses temas.
Nesse cenário de sustentabilidade e transparência, os negócios responsáveis com seu entorno e com o planeta destravam novas possibilidades justamente porque, possivelmente, a maior parte de seus concorrentes ainda não percebeu isso. Diante disso, e das exigências desse consumidor consciente, aquele “problema” identificado pelo gestor mencionado anteriormente se transforma subitamente em um caminho de crescimento sólido.
Felizmente aquela visão tacanha vem sendo substituída por uma gestão moderna e em linha com os novos anseios do mercado. Isso acontece pela substituição gradual de equipes de alta gerência mais antigas, por uma melhor educação corporativa e pela influência de corporações que lideram o mercado e que já abraçaram essas boas práticas.
Isso apareceu com muita força durante o SAP Sapphire Sao Paulo, primeiro grande evento brasileiro presencial da gigante de software alemã após a pandemia que reuniu mais de 2.000 pessoas na Bienal do Ibirapuera no dia 9 de setembro. Em um ambiente recheado de diferentes tecnologias, foi muito gratificante acompanhar casos de companhias de diferentes setores preocupadas em usar a tecnologia para garantir operações em linha com os conceitos de ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa). Tanto que, na palestra de abertura, Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil, e Cristina Palmaka, presidente SAP para América Latina e Caribe, conversaram com executivos do Bradesco, Petrobras e Colgate Palmolive sobre como essas empresas vêm se destacando no tema.
Naturalmente, não basta apenas querer. As empresas dispostas a abraçar essa transformação em seus negócios precisam de ferramentas que as ajudem a promover tais mudanças sem sacrificar sua lucratividade. E isso acontece com plataformas que as auxiliem a coletar, armazenar, classificar e entender melhor todo tipo de dado associado ao negócio. E, em um mundo amplamente digitalizado como o nosso, praticamente qualquer coisa pode gerar informação. Dessa forma, essas ferramentas precisam ser precisas em todas essas etapas, para que as conclusões estejam corretas.
Na abertura da versão global do SAP Sapphire, que aconteceu nos EUA em maio, Christian Klein, CEO da SAP, deu o tom ao afirmar que “o que não pode ser medido não pode ser gerenciado”. Isso é fundamental não apenas para o sucesso da empreitada, como também para justificar os investimentos necessários.
Tanto é assim que um levantamento realizado pela SAP no final do ano passado, com 416 executivos de empresas de grande e médio porte do Brasil, Argentina, México e Colômbia demonstrou que 63% deles querem investir em tecnologias e práticas sustentáveis, mas 46% afirmam que enfrentam muita dificuldade para medir o impacto das ações, mesmo porcentual dos que dizem que sofrem para demonstrar o retorno do investimento. Isso é um grande problema, especialmente porque 26% dos entrevistados afirmaram que essas ações lhes permitem vender mais, destacar-se da concorrência e atender uma exigência crescente se seus clientes.
É ótimo observar que existe essa disposição para transformar negócios em empresas inteligentes e sustentáveis, mas os gestores precisam de mais conhecimento e apoio tecnológico. A boa notícia é que isso já está disponível: basta procurar os parceiros certos.
A única coisa imperdoável é insistir na mentalidade do gestor mencionado no início do texto. A sustentabilidade dos negócios é uma realidade para negócios de todas as indústrias e de qualquer porte. É hora de adotar novas ideias e novas ferramentas para se conectar com esse novo consumidor mais consciente.
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