Metade dos inquiridos admite que a crise vai beneficiar as empresas mais sólidas dentro de cada sector e que esta serve de oportunidade para melhorarem a sua competitividade;
A maioria dos inquiridos considera que a competitividade das empresas portuguesas no mercado interno não melhorou durante o último ano.
Lisboa — A Accenture, empresa global de consultoria de gestão, e a SAP, fornecedor líder mundial em aplicações de software empresarial, divulgam, pela terceira vez, um estudo que pretende fazer um diagnóstico da actual situação da gestão nas empresas portuguesas e antecipar as principais tendências para o futuro.
O estudo “A Gestão Empresarial em 2009” foi encomendado à AESE – Escola de Direcção e Negócios, com o objectivo de analisar as opiniões dos executivos das principais empresas portuguesas sobre a gestão e a competitividade nacional, à luz do actual contexto económico. As conclusões registadas neste estudo assentam nas respostas de 314 dirigentes de empresas residentes em Portugal.
Situação Actual
Uma das principais conclusões do relatório é de que apenas 7% dos gestores consideram a crise actual como uma ameaça para a sobrevivência das suas empresas, enquanto 35% entendem que a crise, embora sendo uma dificuldade imediata, é ultrapassável. Metade dos inquiridos consideram mesmo que a crise pode ser uma oportunidade para melhoria da sua posição competitiva.
Todavia, quando comparadas com as congéneres estrangeiras, 58% dos executivos inquiridos são de opinião de que as empresas portuguesas estão mais vulneráveis à crise.
Manuel Dias Ferreira, professor de Política Comercial e Marketing da AESE – Escola de Direcção e Negócios e, pelo terceiro ano consecutivo, coordenador do estudo “Gestão Empresarial em 2009”, realça como positivo que “42% dos gestores acham que a crise beneficiará alguns sectores em relação a outros e, sobretudo, 49% admitem que a crise irá beneficiar as empresas mais sólidas dentro de cada sector.”
O estudo revela ainda um abrandamento do optimismo dos gestores, sendo que 35% (o pior valor dos três anos em estudo) afirmam que a competitividade das empresas portuguesas diminuiu no mercado interno, reflexo da situação difícil que as empresas atravessam.
No que respeita à competitividade das empresas portuguesas no mercado externo, os números são ainda mais marcantes, com 54% dos inquiridos a referirem que a competitividade das empresas piorou, uma tendência contrária à verificada em 2007, ano em que entendiam que a competitividade no mercado externo estava a melhorar.
O sector do Turismo, que em 2007 recolhia 63% de opiniões favoráveis, foi aquele que registou a maior inversão, ou seja, uma opinião menos favorável, no que à competitividade diz respeito, na ordem dos 14%. No sector dos Serviços da Saúde acontece exactamente o contrário: se, em 2007, 39% não acreditavam na competitividade do sector, em 2009, 35% consideram-na favoravelmente, logo após o sector da Administração Pública, com 44% de opiniões favoráveis.
Comparativamente com os anos anteriores de estudo, continua a ser consensual que o investimento português no estrangeiro é insuficiente, particularmente na China e na Índia.
Tendências
O sector com mais futuro, quer em geração de emprego (42%), quer em crescimento económico (63%), é o do Turismo e Restauração. Os restantes sectores que apresentam maior potencial na economia portuguesa são os de Tecnologias de Informação e Comunicação (48%), seguido pelos sectores de Energia, Ambiente e Saúde.
De acordo com Luís Pedro Duarte, Partner da Accenture Portugal, responsável pela área da Estratégia “este estudo revela que os gestores portugueses sentem de forma directa os efeitos da actual conjuntura económica, mas é importante destacar a sua atitude positiva em ultrapassar as dificuldades existentes e melhorar a sua posição competitiva”. E continua, “em particular, a preocupação sobre as questões relacionadas com o desenvolvimento sustentável das suas empresas, bem como o estímulo em reforçar a capacidade de inovação, são factores competitivos a destacar.”
Em 2009, tal como em 2007, os aspectos a destacar para as empresas portuguesas no seu futuro são a Produtividade (60%) e a Investigação e Desenvolvimento (56%). O Financiamento também sai fortalecido, mas a Qualificação do Pessoal perdeu importância junto dos 314 gestores inquiridos.
Factores Críticos de Sucesso
Embora com diferenças pronunciadas de sector para sector, a maioria dos dirigentes inquiridos entende que o sucesso da organização passa, em primeiro lugar, por oferecer Melhor Qualidade de Produtos e Serviços (55%) e, em segundo, pela Excelência Operacional (50%). Curiosamente, a melhoria constante dos Recursos Humanos perdeu importância na opinião dos gestores; em 2007 era apontado como o factor crítico de sucesso número um, mas em 2009 surge na 4ª posição.
Como áreas de melhoria para a competitividade das suas empresas, os executivos destacam a melhoria da eficiência de processos (50%), o incremento da capacidade de inovação (43%) e o aumento do desempenho dos colaboradores (41%). As áreas de melhoria que irão requerer um maior esforço pelas empresas nacionais são a eficiência dos processos (71%) e o incremento da capacidade de inovação (68%).
Segundo Edenize Maron, Country Manager da SAP Portugal, “este estudo vem reforçar a nossa visão de que é fundamental, por parte das organizações portuguesas, a compreensão da importância dos sistemas de gestão empresarial na melhoria da eficiência dos seus processos e na sua capacidade de inovação. Assumindo esta premissa, será possível melhorar o desempenho das empresas nacionais, reduzindo os custos operacionais e aumentando a sua competitividade.”
Factores Competitivos Internos
Como medidas mais prementes para contrariar a actual situação económico-financeira, os gestores referem a redução de gastos gerais e administrativos (63%), logo seguida da produtividade (61%). São medidas estruturantes, não conjunturais, que apontam claramente para um aumento da competitividade da empresa.
No campo do desenvolvimento sustentável cada vez mais importante na gestão das empresas, os inquiridos apontam a redução de desperdícios e a poupança energética como as medidas com mais acções em curso, segundo 54% dos dirigentes.
Devido à escassez de quadros médios e técnicos especializados em Portugal, 98% dos gestores defendem uma maior comunicação entre as empresas e as instituições de ensino, apontando as parcerias com instituições público/privadas como a principal medida, com 35% das respostas, seguida da criação de estágios profissionais com 27% da respostas.
Quando questionados sobre o posicionamento das empresas portuguesas num contexto internacional, um pouco mais de metade dos executivos (52%) consideram este aspecto pouco relevante para o seu negócio, sintoma das suas organizações estarem ainda muito “viradas para dentro” e de que ainda há uma mudança da mentalidade empresarial por fazer. Por outro lado, os sectores Agro-alimentar, Indústria (excluindo a primária), Serviços de Saúde e Turismo e Restauração acreditam na internacionalização como um passo fundamental para o futuro.
Metodologia
O estudo “Gestão Empresarial em 2009” foi realizado durante o mês de Maio e a primeira semana de Junho de 2009, através de inquérito a 314 dirigentes, seleccionados aleatoriamente de um grupo de cerca de 1400 empresas residentes em Portugal. 49,2% dos inquiridos são de empresas de actuação nacional, 36,6% internacional, 14,1% global, e 1,0% indeterminado. Quanto à dimensão da empresa 43% são de grande dimensão, 23% de média dimensão, 18% de pequena dimensão, 14% de dimensão micro. Em 2% dos inquéritos não foi possível determinar a dimensão da empresa.
As áreas das empresas que participaram no estudo representam a generalidade dos sectores da economia portuguesa: Agro-Alimentar, Energia e Indústria Primária, Outras Indústrias, Administração Pública e Organismos Oficiais, Serviços Saúde, Serviços Financeiros, Serviços Imobiliários e de Manutenção, Distribuição e Transportes, Turismo e Restauração, Media e Publicidade, Consultoria e Assessoria, Tecnologias de Informação e Comunicação, Serviços de Ensino e Cultura e Outros Serviços.
Dos dirigentes que responderam ao questionário, 74% são os principais responsáveis das suas empresas (Presidente, CEO, Director-geral, Gerente, Administrador, etc.), 18% são directores de diferentes departamentos das empresas, e 7% são quadros superiores. Para 1% dos dirigentes inquiridos o seu nível hierárquico é indeterminado.
Sobre a Accenture
A Accenture é uma organização global de serviços de consultoria de gestão, tecnologias de informação e outsourcing. Através da combinação de uma experiência ímpar, de um conhecimento profundo dos vários sectores de actividade e funções de negócio e de uma extensa pesquisa sobre as empresas mais bem sucedidas do mundo, a Accenture colabora com os seus clientes ajudando-os a tornarem-se organizações de alto desempenho. Com mais de 177 mil profissionais a servir clientes em 120 países, a empresa gerou receitas no valor de 23,3 mil milhões de dólares, no exercício terminado em 31 de Agosto de 2008. A homepage da Accenture é www.accenture.com.
Sobre a AESE
A AESE – Escola de Direccção e Negócios é a mais antiga escola de negócios em Portugal. Fundada em 1980, propõe-se dar formação específica em direcção e gestão de empresas, segundo uma perspectiva cristã do homem e da sociedade. A AESE realiza Programas de Formação de Executivos – PADE (Programa de Alta Direcção de Empresas), PDE (Programa de Direcção de Empresas), PADIS (Programas de Alta Direcção de Instituições de Saúde) e GSP (Gestão de Saúde de Proximidade) na área da Gestão da Saúde, e GOS (Gestão das Organizações Sociais), em parceria com a Entrajuda, bem como, o Executive MBA AESE-IESE, em conjunto com o IESE Business School. No início de 2009, realizou o 1º PADE em Luanda. Ao longo do ano, são também realizadas sessões de formação de curta duração, conferências para os Alumni e programas customizados (In company) para empresas ou sectores. Nos programas da AESE participaram já cerca de 3500 dirigentes de organizações privadas e públicas, em busca do aperfeiçoamento das suas capacidade de liderança, de uma maior amplitude de perspectivas e de excelência profissional. Para mais informações, visite www.aese.pt.